pensei muito no privilégio que tive de crescer num movimento que sempre me falou de caminhos e de montanhas e de como esses caminhos e essas montanhas são a aventura e o deslumbre que devemos esperar da vida. de como levar os outros connosco por esses caminhos e por essas montanhas tornam os percursos mais ricos e por vezes menos duros. de como guardar os amigos que nos acompanham pela vida fora passo a passo sempre que subimos mais um pouco, viramos na cortada errada ou paramos tempo demais para descansar, nos dá um aconchego para além de toda a nossa explicação.
pensei muito no privilégio que tive de crescer entre tendas, poesia e música. de crescer em conjunto. de crescer a ter de pensar e sentir.
ontem pensei muito no hélder. pensei muito em como uma pessoa que acredita na humanidade, consegue criar formas de ficar nas pessoas e de tornar as pessoas mais pessoas, com tudo o que isso possa envolver de dureza e leveza dos caminhos. caminhante não há caminho faz-se o caminho ao andar. não há festa sem os outros. os pássaros foram feitos para voar e voam. construindo a cidade dos homens. vale a pena a vida. creio num deus que saiba dançar. vai valer a pena ter amanhecido. não há longe nem distância. quem não sai de sua casa cria mil olhos para nada. quando chegares ao cimo da montanha, continua a subir. não é vergonha nenhuma ser feliz, mas é uma vergonha ser feliz sozinho. até que ganhei tamanho para voar mais alto que as torres das igrejas. não é de repente que as pessoas estão umas com as outras. de onde quer que venhamos, estamos todos aqui. é proibida a entrada a quem não andar espantado por existir. agora é tempo de andar; mais tarde chegaremos.
não há nada que se assemelhe à certeza, que sentimos cá dentro, de que estamos a andar no caminho certo, quando coisas, que temos como certas na vida, acontecem no espaço e no tempo em que estamos e nos dão um prazer imenso de viver.
hoje a minha sala transformou-se verdadeiramente no conceito de escola em que acredito e isso deixou-me muito, muito em paz comigo e deu-me a certeza de que é mesmo possível.
fica, neste fim de noite, a imagem do escuro da sala, com luzes amarelas penduradas junto a todo o natal feito por todos, e as bocas abertas, em suspenso, de crianças, mães e equipa. fica o silêncio de que se enche esta imagem. e o sentimento que me percorreu de que estava tudo certo naqueles dez segundos.
faziam silêncio para não disparar o barulho que se instalara nas suas cabeças e que os fazia estar ali juntos uma última vez, sabendo que nada mais havia a exigir um do outro. partilhavam pela última vez a companhia um do outro, na esperança silenciosa de poder acalmar o coração.
e esta imagem, de um homem e de uma mulher, parados a olhar o mar, num silêncio profundo, era fotografada, ao longe, pelo melancólico homem solitário que procurava o amor aos fins de semana. a imagem trazia-lhe essa emoção. a de um amor profundo. lá, no entanto, no sítio onde ela acontecia, ele não existia.
que uns vêem dos outros apenas imagens e compõem à volta delas as histórias que querem construir para si. e ainda que a realidade possa não existir, fica assim construído o sonho da sua possibilidade.
"Jairo Campos explicou que, antes da carga policial, os elementos do corpo de intervenção da PSP fizeram duas advertências para os manifestantes dispersarem e estes não abandonaram o local."
rtp
por favor, não me digam que foi este megafone que anunciou às pessoas que deviam dispersar de são bento. por favor, não me digam que a quantidade de gente que hoje apanhou em frente à assembleia devia ter ouvido este megafone. tão igual aos megafones que ninguém entende no meio das manifestações.
eu não ouvi.
e eu estava lá. e só soube porque ouvi mais tarde na televisão.
e por sorte não apanhei.
e atrás de mim tinha os olhos de ódio de um polícia.
e eu não mandei pedras.
e eu fiquei do lado de quem está pacificamente a mostrar o seu descontentamento.
e eu fiquei do lado de quem não concorda com os ataques à polícia.
e eu fui arrastada com toda a multidão.
e eu quero poder dizer que quero um país diferente.
e eu quero poder dizer que até podemos ser mais pobres, mas que isso seja justo para todos.
e eu não atirei pedras nem garrafas.
e eu estava ao pé de muita gente que também não estava a atirar pedras nem garrafas.
e eu queria agora ter a cabeça e o coração mais calmo, sabendo que o dia de hoje, apesar de toda a violência, seria um dia de mudança.
e ficam as imagens que não dizem de modo nenhum todas as coisas como elas foram.
e fica uma espécie de tristeza misturada com agressividade a latejar cá dentro por nada disto fazer muito sentido e não sabermos afinal como é que um povo se faz ouvir e assume o rumo do seu país. talvez seja mesmo a hora de nos reinventarmos.
mas, não, não me digam que aquele megafone foi o momento em que a polícia pediu aos manifestantes para dispersar. porque esse é o momento em que tudo, tudo fica deturpado nas imagens e que faz da tarde uma outra coisa.
hoje o sol bateu-me na cara, com todo o calor que podia, para me aquecer a alma. não pude deixar de agradecer ao são martinho essa sua metade da capa e apreciar, de forma peculiar, esta coincidência do universo, de o trazer todos os anos. [e hoje em particular.]
9.11.12
hoje, um obrigado imenso aos meus pais. por me terem vindo ajudar a não deixar de voar.
e enquanto os meus pés caminham por entre as folhas douradas do outono na marcha lenta da despedida... agradeço-te, A., o amor. também a alegria, a simplicidade, a valentia. mas, acima de tudo, A., o amor. foi dele que foi feita a tua história. de um imenso amor.
foi o primeiro verão em que me preocupei com as plantas cá de casa. foi o primeiro verão em que experimentei deixar montado um sistema de rega que não deixasse secar as plantas e as mantivesse sempre em contacto com água. foi o primeiro verão em que voltei a lisboa de propósito, a meio das férias, para regar as plantas e ver se estava tudo bem. foi o primeiro verão em que fiquei preocupada com elas. e foi o primeiro verão em que morreu tudo na varanda. em setembro, tudo seco. um sentimento frustrado de não ter conseguido. quase uma dedicação desnecessária. mas, bom, a deixar entrar algumas ideias já para o próximo verão. para não deixar esmorecer a vontade de ter um bocadinho de terra e verde e ar puro no meio da cidade.
foi-se mantendo o estado da varanda. fui regando, às vezes, na esperança de trazer alguns vasos de volta à vida. mas os sinais não davam conta de que alguma coisa iria acontecer.
II
normalmente resmungamos com a chuva e damos-lhe um lugar algo desconfortável. as primeiras chuvas trazem o cheiro da terra, mas ao fim de quatro ou cinco chuvas, temos as primeiras constipações e os primeiros dissabores da roupa molhada pelos carros e então desenvolvemos o mau humor. luto contra isto há algum tempo, tentando ver sempre o lado bom das chuvas e destes dias outonais e invernosos que nos tiram da festa dos dias de sol. mas às vezes é difícil, sim. a quantidade de nuvens e o tecto que se desenvolve no céu tem por vezes um efeito sufocante com o qual é difícil lidar.
III
mas ontem, ontem, a chuva trouxe-me a certeza de que lhe devemos um respeito muito grande e de que, de facto, ela tem mesmo de vir e ficar o tempo suficiente para conseguir a sua missão.
ontem, ao fim de umas quantas chuvas, reparei melhor no vaso da buganvília. lá, de dentro do tronco inicial, começaram a nascer folhas novinhas, bem verdinhas e rijinhas. fortes. com força para voltar a dar vida àquela maravilhosa planta.
confirmaram-me as minhas amigas com partilho as minhas dificuldades jardineiras.
IV
I. "é a força da natureza!"
T. "ela é forte! começa devagarinho mas depois vai ser um espectáculo!"
"grande lição de vida" respondi eu
(a alegria deste post é inteiramente dedicada à T. e à I. que partilham comigo esta minha vontade de saber cuidar da minha varanda e da natureza que tento manter à minha volta. um obrigada muito grande a elas.)
"Não há muitos portugueses com a percepção de Manuel António Pina de que o futuro existe e que não pode estar condenado a esta inevitabilidade", acrescentou. "Era um daqueles seres humanos com capacidades únicas para nos fazer assentar os pés na terra e levar-nos a pensar o futuro pela razão e pelos valores."
(A Ana Quer) e mais palavras guardadas aqui e aqui para ler de vez em quando
“Estamos profundamente sensibilizados e honrados pelo facto de a União Europeia ter recebido o Nobel da Paz. A reconciliação é a essência da UE. É um projecto único que substituiu a guerra pela paz, o ódio pela solidariedade", disse o presidente do Parlamento europeu, o alemão Martin Schulz, que foi o primeiro a reagir à distinção.
tira tira tira a porcaria tira tira a porcaria toda tira-a toda duma vez tira-a toda toda toda para não te arreliares mais vai lá bem ao fundo vê lá bem o que lá está e tira-a toda toda toda limpa tudo duma vez mas vê lá comé que fazes que não queremos como em antes tudo assim escarafunchado aliás inda melhor não guardes é porcaria nem a deixes mais entrar que se entrar é para sair e já não te incomodar deixa-a logo no lugar não a guardes para ti que se guardas é pra quê? pra te arreliar o espaço? pra te arreliar o tempo? para não a dar aos outros? e se foram eles a dar-te? limpa toda a porcaria limpa agora a que já tens e promete "nunca mais" ficar com ela para ti e dar voltas por demais até a alcançar e podê-la puxar
deixa a tua casa em paz qu'ela está já bem bonita já não vai andar pa trás por causa duma porcariazita
fui no domingo ao mercado da covilhã, no mercado da ribeira. a serra na capital. os sabores da serra aqui pertinho. um deslumbre. provei os enchidos em quase todas as bancas e eis que numa delas estão as morcelas de arroz que queria encontrar. uma maravilha de sabor e textura. a delícia dos salgados. pedi duas e pensei em dois amigos para me virem ajudar a comê-las. morcelinhas de arroz com grelos. hmmm. o sabor! combinadas as coisas fica a maravilha para comer hoje ao jantar com os dois amigos, depois de uma aula de natação. perfeito! meio da semana. companhia boa. rico jantar. os grelos comprados fresquinhos ao fim da tarde e um dente de alho, não fosse faltar o alho em casa. tudo perfeito.
bom, tudo perfeito até chegar a casa e dar de caras com as morcelas meias esverdeadas e com um sabor já diferente... eu nem sei explicar a raiva e o amuo que nasceram dentro de mim. tratei de cancelar o jantar, porque afinal o que importava eram as morcelas, agora verdes. num ápice, cancelei tudo e desatei a aquecer no microondas o resto da comida de ontem. comi amuada. fiz o telefonema que tinha para fazer amuada. vi os mails amuada. escrevi um amuada. e, nem acredito bem, mas ainda me sinto amuada e irritada.
é que eram mesmo tão boas as morcelinhas... garantidamente boas... e é tão raro...
soraia mexia-se a um ritmo alucinante dentro do seu pequeno espaço de caixa. era chamada pelas colegas das outras caixas e respondia apressada, mas solicitamente. não se esquecia dos pequenos pormenores que o cliente anotava. faltava-lhe material e fazia-o chegar à velocidade da luz. soraia é uma senhora da caixa eficiente. que não sua, que não resmunga e que consegue dar atenção a vários estímulos ao mesmo tempo, sem perder qualidade.
naquele instante, depois de ter descoberto a falta de sacos e ter corrido todas as outras caixas, recebendo pelo caminho vários apelos das caixas vizinhas e ter soltado um têm de tratar das vossas caixas e não tirar da minha, soraia começou então a passar as compras expectantes atrás da barrinha cliente seguinte. vamos lá então. iogurtes. pip. manteiga. pip. requeijão. pip. courgettes... courgettes. verificar balança. courgettes. verificar balança. tens sacos soraia? verifica a balança. cancelar. courgettes. verificar balança. reverifica. cancelar. paula preciso da marta rapidamente aqui. courgettes. verificar balança. desencaixa a balança. cancelar. a marta! sacos para a caixa 2. esse telefone não funciona. courgettes. verificar balança. espreita por baixo do balcão. desencaixa a balança. a marta não vem. verificar balança. cancelar. courgettes. verificar balança. cancelar. courgettes. verificar balança. cancelar. courgettes. verificar balança. cancelar...
soraia respira fundo. ajeita o rabo de cavalo e no meio do frenesim, pára um pouco e murmura afirmativamente eu não mereço isto. e de facto não merecia. numa tentativa mais... courgettes. pip. eu sabia que não merecia.
hoje voltei à piscina a sério. com um professor daqueles que nos faz competir connosco próprios, que nos faz fazer mais piscinas do que aquelas que nos sentíamos capazes e que nos faz treinar os estilos com o nosso maior estilo. hoje ele disse "nada muito bem. bem vinda à piscina." e eu tive a mesma sensação que tinha aos doze anos quando me diziam que eu nadava bem e que estava pronta para as competições. uma competição comigo própria. por me saber capaz. por ter conseguido chegar lá. e hoje... hoje voltei a esse sítio lá longe, cheio de cloro e vapor e valor.
um muito obrigado ao professor de natação e a todos aqueles de quem já não me lembro, mas que plantaram aqui esta capacidade de querer competir comigo própria, para conseguir sempre chegar lá - até mesmo aquele de quem eu não gostava nada.
hoje parei num semáforo e fiquei ali, com o sono matinal, a olhar distraidamente para os sonolentos madrugadores das sete da manhã como eu. não me lembro bem que música estava a dar, mas ela embalava sem querer uma certa nostalgia. e, mesmo tendo a cabeça vazia, a sensação era de sossego.
e, foi então, que, num desses olhares desinteressados pelas janelas ainda meias húmidas, me pareceu ver um amigo que não vejo há anos. não sei já bem quantos. mas já dá para usar a expressão há anos.
foi então que me pareceu vê-lo. a música não era o i can see clear now nem o what a wonderful world, mas de repente, era como se um anúncio me surgisse na cabeça e a voz off aparecesse instantaneamente a acompanhar os passos daquela pessoa tão parecida com aquele meu amigo que não vejo há anos!
há quanto tempo não vê aquele amigo? quantos dias passarão até que o reencontre? não perca mais tempo. não insista nas saudades...
e pronto, fiquei por aqui... o anúncio não continuou. ficou verde. eu não achei o produto certo para tanto tempo...
o meu amigo ficou mais na cabeça do que o anúncio ou aquele minuto parada no semáforo com música nostálgica e uma pessoa tão parecida com o meu amigo.
o anúncio não continuou porque eu não encontrei uma forma de voltar a encontrar o meu amigo. porque de repente, se fosse mesmo o meu amigo, eu não saberia se o chamava ou se simplesmente apreciava o seu passo ligeiro, com certeza mais velho, e o deixava continuar a sua vida sem saber que a poderia, naquele instante, ter cruzado com a minha.
este amigo, que não vejo há anos, foi indo com o tempo. não resistiu às separações e às diferentes escolhas da vida. este amigo que há anos me era inseparável, ficou assim, um simples sonolento madrugador que se cruza comigo no semáforo da manhã, sem que eu tenha vontade de abrir o vidro e acabar anúncios que nos voltariam a fazer encontrar.
e, embora a vida vá andando e consigamos sempre pôr as pessoas nos sítios certos, há umas quantas que fazem um caminho tão grande para fora de nós que chega a ser estranho imaginar que estiveram tão próximas e que lutámos imenso para que elas ficassem.
hoje, para este meu amigo, uma vontade imensa de o ver passar na rua, só para ver como está.
e ela falava falava falava... com tantas tantas palavras que a sua cabeça era demasiado pequena para tudo aquilo que ela dizia. credo! não era possível. já nem tinha o telefone nos ouvidos, mas dali do sítio onde o tinha pousado, continuava a ouvir-se a sua voz ininterruptamente. teve tempo de fazer um jantar inteiro. e nem a falta de respostas lhe deu indícios de que não estava a ser ouvida. então declarou "olha, agora tenho de me concentrar aqui no jantar..." e ela ainda disse mais uns cinco minutos de coisas. "vá, um beijinho. falamos depois." e desligaram. e a sensação era a de que não precisava de ser ouvida. precisava só mesmo de pôr tudo cá para fora antes de ir dormir para não ter a cabeça tão cheia em cima da almofada e conseguir o sossego nocturno.
disse-lhe ela ao ouvido tenho de virar os olhos para fora. mas ele não percebeu. não era a dicção. não era a articulação. mas ele não percebeu o quê? pareceu-lhe a ela que o problema era o volume e repetiu mais alto. com os lábios ainda encostados no ouvido dele. tenho-de-virar-os-olhos-para-fora.é desta. ele acariciou-lhe os cabelos. afastou-se. olhou-a por momentos nos olhos. encostou os lábios ao seu ouvido e sussurrou-lhe tu tens os olhos virados para fora. então ela descansou a cabeça nos seus lábios e fechou finalmente os olhos.
desde sempre que setembro é um mês estranho de nostalgia e recomeço. acabaram as férias. tenta-se prolongá-las mais um bocadinho enquanto faz bom tempo. fazem-se revisitas em fotografias e conversas de amigos e pequenos momentos antes de adormecer. guardam-se umas quantas memórias para aquecer o coração durante o frio do inverno. traz-se a força que ficou delas. e recomeça-se de novo. começam-se a traçar novos projectos. a não deixar morrer alguns já traçados. tentam encaixar-se horários, reganhar a rotina necessária para a organização mental e circunstancial. começa-se a acordar de noite. a jantar já de noite. a tentar fazer tudo o que queremos entre uma noite e a outra. no fundo, vamos tendo a certeza de que o verão acabou e de que a mudança está para acontecer. e entre o longo agosto de praia, que se apequena quando voltamos, e o outonal outubro já equilibrado no corpo e nos dias, fica este mês de setembro nostálgico e sonhador. agridoce. docemente tumultuoso.
é tão difícil arrumar sacos de plástico. conseguir a combinação perfeita entre o espaço, o objecto, a paciência e o tempo para os arrumar. dá pena deitá-los fora, porque pode sempre aproveitar-se para "qualquer-coisa". dá pena porque até parece mal comprá-los e não os reutilizar. vão-se guardando todos. um dia, já eles estão demasiado despenteados, até começam a aparecer fora do sítio onde se guardam. depois arranja-se um outro saco para os sacos que estão de fora e ficam guardados "mais-aqui-à-mão". e depois o saco de papel que sempre dá para a reciclagem. e mais os sacos das lojas que são tão giros e não sei quê e não sei que mais... e de desculpa em desculpa, chegamos ao dia em que um grande monte de sacos tomou a nossa casa e nós ficamos todos amarfanhadinhos, guardadinhos num sítio qualquer.
naquele dia seguinte aos grandes acontecimentos parece que fica em nós um silêncio sossegado e os pensamentos têm espaço para serem tidos com calma. num desses passeios pelos pensamentos, muito acompanhado por aquilo que me ficou no coração, tive a sensação de que é não um direito, mas um dever nosso procurar o melhor e, sem dúvida, marcar esta nossa passagem pelo planeta terra. não para ganharmos méritos, não para ficarmos para a história, mas para termos a certeza de que fizemos o que tínhamos a fazer neste nosso cantinho da humanidade e que ela poderá perdurar pelos tempos sempre com a capacidade de lutar e usufruir de toda a sua vida.
porque uma pessoa deu um salto de gigante ao pé de nós
e começamos a ter vontade de o dar também
2.9.12
diz... e então ela disse. não tenho palavras. e fez um silêncio. não tinha de facto palavras. o vento batia-lhe no corpo, mas era era um vento quente. o sol quase a pôr-se e o vento ainda quente. batia-lhe também o cansaço do dia e a expectativa do seu fim. nunca ousara deixar o dia tão em aberto. e, agora, ali sentada na esplanada, era o silêncio que lhe apetecia. ele acabou por ceder e acompanhar a sua falta de palavras. e era como se nesse instante todas elas se tivessem tornado inúteis e restasse apenas aquele fim de tarde entre os dois.