29.4.13

escola

tinha o microfone bem perto da sua boca. as pernas tremiam. o coração batia por todo o corpo. os olhos fixavam os olhos dos presentes que sorriam na ausência de palavras. sabia o que tinha de dizer. sabia que ao dizê-lo deixaria de estar dentro de si e passaria a estar dentro de todos aqueles que a escutassem e dos outros tantos a quem estes contassem. 

tinha desejo e medo ao mesmo tempo. 
em quantidades iguais.
as pernas tremiam. o coração batia por todo o corpo. 
já não podia voltar atrás. era só uma questão de tempo. 
respirou fundo.
sorriu.

e, no silêncio que então se tinha criado, ecoou a sua decisão e deixou-a  registada em cada pessoa que ali estava. 

tentou ainda agarrar as palavras no segundo seguinte, mas as palmas tinham-nas já agarrado e as palavras dos outros começaram a misturar-se com as suas e era impossível separá-las. 

nem ela queria.

queria o desejo. não o medo.

estava registado. não havia volta atrás.

24.4.13

noites de verão

enquanto chega a primavera, chamamos-lhe já verão. talvez pelo prolongado do inverno. talvez pelo calor que já sente. mas, hoje, sem dúvida, por finalmente ter desfrutado da minha esplanada até mais tarde, com alguns amigos à volta. 

é o início do verão no corpo e na alma.

17.4.13

há dias XXX

há dias em que olhamos para trás e sentimos que nada foi errado e fazemos as pazes com tudo o que vivemos.
há dias em que sabemos que tudo valeu a pena e que até foi bom afinal que tivesse sido desta maneira.

há um dia em que o futuro começa a ser mais importante do que o passado.