31.12.10

está sol lá fora.

vou a correr ter com ele. agradecer-lhe por ter aparecido nas custosas alvoradas matinais dos meses frios. por ter estado na praia do cavaleiro naquele dia partilhado com bons amigos. por ter vindo para uma festa e deixasse que todos pudéssemos lá estar. por ter furado a chuva para o B. poder fazer o seu teatro.

está um grande último dia de 2010.

10.12.10

pequenos grandes prazeres II





com os cabelos do F. e a ajuda da J.

1.12.10

há dias XVIII


há dias em que v
oltamos a ter cinco anos


e o coração a explodir
de alegria
e um sorriso desmesurado na cara.

29.11.10



UM DIA ACERTO
DEFINITIVAMENTE
OS TEMPOS.

HOJE NÃO FOI O DIA.




28.11.10


com a quantidade de papel que gasto, rasgo, rascunho e deito fora espero estar de facto a contribuir para a reciclagem.


22.11.10

o mais importante é começar

dizia eu à J.
"o mais importante é começar, J. dar o primeiro passo. é o que custa mais. depois vai-se fazendo cada vez melhor e mais facilmente. sabe muito bem, depois. vais ver.
começa como sabes e pronto."


é um cliché, bem sei, mas às vezes é preciso repeti-lo para não nos deixarmos envolver pelo medo ou pela preguiça ou outros fantasmas que criamos à volta do que temos para fazer e de que não podemos [e no fundo nem queremos] fugir.
às vezes temos de nos obrigar a nós próprios a começar e a enfrentar os afazeres, mesmo que sem vontade nenhuma. às vezes não sabemos fazer, mas temos de [e no fundo queremos] fazer. e começa tudo por sair a ferros, com outros afazeres menos urgentes metidos pelo meio. com o corpo a ir fazer muitas coisas, mas a cabeça sempre a pensar no que está lá à nossa espera. e voltamos a obrigar-nos à concentração e lá fazemos.
quase uma luta connosco próprios.


e o prazer... o prazer chega depois. quando conseguimos. quando, etapa a etapa, vamos percebendo que fomos mais longe e que não valia a pena ter tido medo ou preguiça ou outros fantasmas e afazeres menos urgentes que nos fizeram [afinal] perder tempo.
o prazer chega quando [afinal] percebemos que temos tempo para tudo e ficamos maiores depois de dar o primeiro passo.

quando é preciso fazê-lo outra vez, até sorrimos ao medo ou à preguiça ou outros fantasmas e afazeres.

[pena é, às vezes, não encontrarmos textos eloquentes para dizer estas coisas.]

14.11.10

que tempos


sei lá que tempos são estes.
agitados por dentro e por fora.
cheios.
de encher a cabeça toda.
os dias todos.

justificando o silêncio das linhas.

preparam-se tempos de muito trabalho e investe-se na calma.

serões caseiros. fins de semana caseiros. tudo caseiro.
com papéis à frente e um mundo inteiro de palavras por escrever.

com a incerteza do tempo que fica entre mim e a próxima escrita.


20.10.10

há dias XVII



há dias em que discutimos
até explodir... de riso.


(esses são os dias em que descobrimos
que quem fala mais alto pode ter muito muito medo)


9.10.10



"You won't find a girl in this damn world
That will compare with me"

henry lee, nick cave




30.9.10

Hakuna Matata


Hakuna Matata!
What a wonderful phrase!

Hakuna Matata!
Ain't no passing craze!

It means no worries for the rest of your days!
It's our problem-free philosophy

Hakuna Matata!

Hakuna Matata?
Yeah! It's our motto.
What's a motto?
Nothing. What's a motto with you?
(eheeheh)

Those two words will solve all your problems!


24.7.10

quando alguém morre

quando alguém morre há qualquer coisa que fica suspenso.
qualquer coisa que se vira do avesso.
qualquer coisa que pequenina média ou grande nos percorre
por dentro.
por um dia por dois por uma semana por meses por um ano por dois para sempre.
qualquer coisa que nos incomoda.
qualquer coisa que nos puxa e não sabemos bem para onde.
o quotidiano não volta a ser o mesmo.
as pessoas não voltam a ser as mesmas.
a nossa cabeça não é a mesma.
a nossa vontade não é a mesma.
quando alguém morre paramos pensamos em caminhos que não queremos deixar de percorrer.
o nosso mundo treme e não volta a girar da mesma forma.

quando alguém morre temos a vida toda pela frente.
tenha ela o tamanho que tiver




23.6.10

Penso nas férias

"Penso nas férias, quando saímos do ninho, justamente.
Saber partir, saber que podemos viver como nómadas, isso aprende-se quando somos pequeninos. Partir “leve”, sem a varinha mágica, nem os três pares de sapatos… foi uma coisa que aprendi com a minha mãe.
Até aos quinze anos, passava férias numa casa na Bretanha que tinha a particularidade de ser na praia e de medir dois metros por três! Foi o meu pai que a construiu. Na realidade era uma grande cabana de praia para nós os cinco: duas camas de beliche em baixo, três camas no sótão, uma mesa com um Camping Gaz… e era tudo. Sem electricidade e com a torneira de água fria e as casas de banho na praia.
De manhã abríamos a porta e a primeira coisa era… “Onde está o mar?”.
Se a maré estava cheia, bebíamos a nossa taça de chocolate com os pés na água. Se estava baixa, corríamos na nossa sala de um quilómetro quadrado, lavada todos os dias pela maré.
A casa de férias menos cara do mundo, e durante três semanas, a felicidade total!
Nem vale a pena dizer que em vez de malas, tínhamos três t-shirts, três cuecas, um pullover quentinho e um par de botas arrumado debaixo do beliche. Todas as manhãs uma fileira de cuecas secava na ameixoeira mais próxima…
Aprendi de pequenina que podemos viver em qualquer lado do mundo, com muito pouco.
Sentir que somos capazes de ser felizes assim, liberta-nos.
Saber que podemos viver quase como os pássaros do céu, eis algo formidavelmente tranquilizador.”

Agnès Rosenstiehl

10.6.10

dia de portugal



"o valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis!"

fernando pessoa


1.6.10



Naquela primavera,
os jacarandás floriram
ao mesmo tempo do que ela.



26.5.10



quantos boicotes são precisos para conseguir a liberdade?



24.5.10

But I´m not

"I wish I were one of those people who wrote songs quickly. But I´m not. So it takes me a great deal of time to find out what the song is."
Leonard Cohen


desde que li estas palavras que trago em mim um sentimento muito pacífico de que não faz mal eu demorar muito tempo a pensar nas coisas e a tomar uma decisão. não faz mal. eu adorava ser daquelas pessoas que pensam e tomam decisões muito rápido. But I´m not. e por isso demoro algum tempo a ter uma opinião, a saber por onde vou, a escolher o que me é mais importante. talvez o que realmente esteja por trás desse tempo seja a procura do sentido verdadeiro do que penso e do quero.

12.5.10

há dias XVI


há dias em que crianças são retiradas à família
e não tivemos mão nisso
e sentimos também o nosso mundo todo remexido.
esses são dias díficeis para a cabeça e para o corpo.



27.4.10

"estala-me o estapor do estrado"



esta é muito boa.
é daquelas frases com que nos rimos cá em casa porque todas as palavras começam com o mesmo som.
inventamo-las, compomo-las e rimo-nos.
na vandoma dizem-nas assim espontaneamente. sem pensarem na sua métrica e sem se rirem. aliás, dizem-na com ar indignado.
e eu não consigo deixar de achar graça.

22.4.10

senhor Zé



é engraçado quando criamos uma certa cumplicidade com o senhor do café onde vamos todos os dias e ele nos tenta com os maravilhosos pastéis de nata que apetece comer todos os dias e nós respondemos à provocação com um "senhor Zé!" e ele volta ao balcão a rir-se e só tira o café que pedimos.


18.4.10

De um saco da Natura

Um velho índio estava a falar com o seu neto e contava-lhe:
"Sinto-me como se tivesse dois lobos lutando no meu coração. Um é um lobo irritado, violento e vingativo. o outro está cheio de amor e compaixão."
O neto perguntou:
"Avô, diga-me, qual dos dois ganhará a luta no seu coração?"
O avô respondeu:
"Aquele que eu alimente."

30.3.10

às vezes apetece tirar o barulho a lisboa.

há pouco fui à varanda e a lua estava maravilhosa.
o céu quase limpo.
a luz da lua a bater no rio.
as luzes da margem sul reluzentes.
o panteão iluminado ali ao fundo.
o céu cheio daquela luz brilhante da lua.
pessoas a rir ao fundo.
um feliz cenário para fim de dia de trabalho.

mas os carros. sempre os carros. aqui na rua. mais ao longe. na rua acima. sempre os carros e barulhos de motor.
um barulho perpétuo de grande cidade.

voltei agora mesmo à varanda. talvez agora o barulho fosse menos e a respiração pudesse finalmente absorver a felicidade do cenário.
mas agora já o céu está enublado e a lua é uma luz difusa por trás das nuvens.

se eu pudesse, tinha tirado o barulho a lisboa da primeira vez que fui à varanda.

9.3.10

que tempo

acho que até tenho tido bastante capacidade de contrariar o mau humor que a chuva contínua acaba por provocar à falta dos raios solares que activam a nossa energia, mas sinceramente tenho saudades de cortar cabelos na minha varanda, conversar desafogadamente na esplanada com miradouro e não ter de falar sobre o tempo porque é o assunto premente em todas as conversas
para além de que já não tenho mais criatividade para combinar de diferentes formas a roupa de inverno

5.3.10

- ainda andas com o punto? não ias ter um skoda?
- sim, mas tive de arranjar os dentes e olha...

(...)

- sempre vais à dinamarca?
- não, tenho de arranjar os dentes e olha...

(...)

- ao menos posso rir-me à vontade...

2.3.10

agarra o verão, guida

há uns anos que sinto uma cumplicidade muito grande com esta frase.
eu não me chamo guida e o meu nome até nem ficaria tão bem nesta frase como o dela, mas é como se as palavras falassem directamente comigo e me dessem uma força extra e me fizessem querer mesmo agarrar o verão e correr pela vida fora e ser muito muito feliz e viver muitas aventuras.
há assim coisas simples que por uma razão qualquer nos fazem pensar nelas muitas vezes e sempre que precisamos.
esta frase é assim comigo.
damo-nos bem e gostamos uma da outra.

desde há estes anos atrás que não sabia de onde vinha ela e era mais ou menos desnecessário. mas descobri, esta semana, num programa de rádio matinal, que é o título de um livro do luís de sttau-monteiro que se transformou na novela "chuva na areia".

grande descoberta.

"chuva na areia!" o primeiro nome de novela de que me lembro, embora já nem me lembre dela.
não resisti a uma busca na net e, do pouco que há, encontrei a guida a dançar no meio da praça.
que maravilha.

agarra o verão, guida!
agarra o verão!




28.2.10

conversas de amigos

"O pior de tudo é ter poemas na cabeça e no coração
e inspirações
que vão contra o aborrecido e banal modo de existir."

Hencsas Uonn

24.2.10



estou inbernada
inervada com o inverno
hibernada



1.2.10

mas é preciso morrer e nascer de novo

e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
pra receber daquilo que aumenta o coração

mafalda veiga


24.1.10

há dias XV



há dias de sol em dias de inverno.
esses são dias surpreendentes.


19.1.10

escritos de rajada II


Ele entrou. Ela respirou. Ele tirou um livro da estante. Ela tossiu. Ele sentou-se no sofá. Ela disse que já chegava. Ele abriu o livro. Ela saiu. Ele fechou o livro. Ela ligou a água. Ele estendeu os braços nos braços do sofá. Ela despiu-se. Ele disse que pois sim já chegava. Ela testou a água. Ele disse que para além disso já era demais. Ela entrou na água. Ele levantou-se. Ela fechou os olhos. Ele deu vários passos em cima do tapete. Ela respirou fundo. Ele saiu. Ela pensou que haveria mais para além disto. Ele atravessou o corredor. Ela acomodou a cabeça. Ele entrou. Ela pousou uma perna por cima da outra. Ele perguntou o que queriam afinal. Ela disse que queria estar assim. Ele disse que estava cansado de barulho. Ela disse que então fiquemos só assim. Ele ficou só assim. Ela ficou só assim. Ele perguntou se podia. Ela acenou que sim. Ele despiu-se. Ela acomodou-se. Ele entrou na água. Ela sentiu o coração bater acelerado. Ele tocou-lhe. Ela olhou-o nos olhos. Ele olhou-a nos olhos. Ela fez silêncio. Ele disse que era bom assim. Ela fechou os olhos. Ele fez silêncio. Ela disse que tinha saudades de quando era só assim. Ele passou-lhe as mãos pelas pernas. Ela pediu-lhe que parasse. Ele deixou ficar as mão nas coxas. Ela deixou que o coração batesse mais sossegado.


14.1.10





um desejo profundo de dormir com brilhos a tomar conta dos sonhos.

10.1.10



vieira da silva