15.12.08

um pequeno corpo grande

desenharam-me a silhueta num papel de cenário. com mil cuidados, garantindo que iria ficar o mais perfeito e parecido possível com aquilo que sou. enquanto a mão contornava o meu perfil, pensava em como seria o meu corpo ali marcado, deitado. levantei-me cheia de expectativas.
"oh!"
surpreendentemente, apesar de toda a vida ter sido assim, senti-me incrivelmente baixinha. pela primeira vez, olhei-me de cima, deitada no chão e percebi o espaço que ocupo quando me deito. esta sensação foi espantosa porque me deu a sensação de que sou maior do que o meu espaço corporal. de que o meu corpo tem uma projecção maior do que aquela que acaba aqui no limite da minha pele. que afinal me sinto grande, apesar de pequena.
devíamos todos, de tempos a tempos, ter esta maravilhosa sensação de que somos maiores do que pensamos, de que ocupamos mais espaço do que o nosso corpo limita.
"ando sem tempanada e com tudo empanado"
(ao jantar com a x.)