26.11.12

24.11.12

imagens



faziam silêncio para não disparar o barulho que se instalara nas suas cabeças e que os fazia estar ali juntos uma última vez, sabendo que nada mais havia a exigir um do outro. partilhavam pela última vez a companhia um do outro, na esperança silenciosa de poder acalmar o coração.

e esta imagem, de um homem e de uma mulher, parados a olhar o mar, num silêncio profundo, era fotografada, ao longe, pelo melancólico homem solitário que procurava o amor aos fins de semana. a imagem trazia-lhe essa emoção.  a de um amor profundo. lá, no entanto, no sítio onde ela acontecia, ele não existia. 

que uns vêem dos outros apenas imagens e compõem à volta delas as histórias que querem construir para si. e ainda que a realidade possa não existir, fica assim construído o sonho da sua possibilidade.

22.11.12

desencontros


nela voava o espírito santo
nele voava o espírito livre


14.11.12

um megafone para a multidão

"Jairo Campos explicou que, antes da carga policial, os elementos do corpo de intervenção da PSP fizeram duas advertências para os manifestantes dispersarem e estes não abandonaram o local."
rtp


por favor, não me digam que foi este megafone que anunciou às pessoas que deviam dispersar de são bento. por favor, não me digam que a quantidade de gente que hoje apanhou em frente à assembleia devia ter ouvido este megafone. tão igual aos megafones que ninguém entende no meio das manifestações.

eu não ouvi.
e eu estava lá.
e só soube porque ouvi mais tarde na televisão.
e por sorte não apanhei.
e atrás de mim tinha os olhos de ódio de um polícia.
e eu não mandei pedras.
e eu fiquei do lado de quem está pacificamente a mostrar o seu descontentamento.
e eu fiquei do lado de quem não concorda com os ataques à polícia.
e eu fui arrastada com toda a multidão.
e eu quero poder dizer que quero um país diferente.
e eu quero poder dizer que até podemos ser mais pobres, mas que isso seja justo para todos.
e eu não atirei pedras nem garrafas.
e eu estava ao pé de muita gente que também não estava a atirar pedras nem garrafas.
e eu queria agora ter a cabeça e o coração mais calmo, sabendo que o dia de hoje, apesar de toda a violência, seria um dia de mudança.
ficam as imagens que não dizem de modo nenhum todas as coisas como elas foram.
e fica uma espécie de tristeza misturada com agressividade a latejar cá dentro por nada disto fazer muito sentido e não sabermos afinal como é que um povo se faz ouvir e assume o rumo do seu país.
talvez seja mesmo a hora de nos reinventarmos.

mas, não, não me digam que aquele megafone foi o momento em que a polícia pediu aos manifestantes para dispersar. porque esse é o momento em que tudo, tudo fica deturpado nas imagens e que faz da tarde uma outra coisa.

11.11.12

verão de são martinho

hoje o sol bateu-me na cara, com todo o calor que podia, para me aquecer a alma. não pude deixar de agradecer ao são martinho essa sua metade da capa e apreciar, de forma peculiar, esta coincidência do universo, de o trazer todos os anos. 
[e hoje em particular.]

9.11.12




hoje, um obrigado imenso aos meus pais.
por me terem vindo ajudar a não deixar de voar.

4.11.12


"não tenhamos pressa, não percamos tempo"

josé saramago

1.11.12

ao A.

e enquanto os meus pés caminham por entre as folhas douradas do outono na marcha lenta da despedida... agradeço-te, A., o amor. 
também a alegria, a simplicidade, a valentia. 
mas, acima de tudo, A., o amor
foi dele que foi feita a tua história.
de um imenso amor.