“Rir? Pensamos alguma vez em
rir? Quero dizer rir verdadeiramente, além da brincadeira, da troça, do
ridículo. Rir, gozo imenso e delicioso, gozo completo...
Dizia à minha irmã, ou dizia-me ela a mim, anda, vamos brincar a
rir? Estendíamo-nos lado a lado sobre uma cama e começávamos. A fingir, claro.
Risos forçados. Risos ridículos. Risos tão ridículos que nos faziam rir. Então
chegava o verdadeiro riso, o riso inteiro, que nos transportava no seu imenso
rebentar. Risos sem gargalhadas, redobrados, desordenados, desenfreados, risos
magníficos, sumptuosos e loucos... E ríamos até ao infinito do riso dos nossos
risos... Oh rir! Rir de prazer, o prazer de rir; rir, é tão profundamente
viver.”
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