24.4.12

e correu para nunca mais voltar

desfazia o muro com toda a sua raiva, com todo o seu ódio. numa explosão interior, esperneando, gritando, enlouquecendo na ânsia de conquistar a sua liberdade e a destruição total do muro sem que nada restasse que estivesse emuralhado. dentro de si nascia uma força sobrenatural muito maior do que o corpo que tinha. uma raiva. um ódio. desse muro. só desse muro. construído nos tempos sem tempo. nos tempo sem sentido de que já nem se lembrava e que não eram mais o seu mundo. dentro de si nascia uma força vinda das entranhas que se soltava em murros e gritos e raiva e loucura. e os gritos e a raiva e a loucura e esta tremenda força trouxeram-lhe os amigos de sempre e para sempre. também enraivecidos e loucos e desejosos de ver o muro desaparecido definitivamente, devolvendo a liberdade talvez nunca sentida. o muro explodiu, rexplodiu e recontraexplodiu. desfez-se em pó. sumiu. desapareceu no universo. o barulho gigantesco das explosões deu lugar ao barulho gigantesco dos gritos. da felicidade. dos abraços. da crença de que agora podia correr. e correu correu. e os amigos a gritar "vai! vai! o mundo é teu!" e correu, olhando para trás... e correu olhando para a frente. e correu sem medo para aquele lugar onde sempre queria ter estado. e correu para nunca mais voltar. correu para nunca-mais-voltar.

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