"A vida às vezes é como um jogo brincado na rua: estamos no último minuto de uma brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer momento pode chegar um familiar a avisar que a brincadeira já acabou e está na hora de jantar. A vida afinal acontece muito de repente - nunca ninguém nos avisou(...)"
lembro-me de ser pequena e achar que o tempo nunca era suficiente para tudo o que queria brincar. os meus pais chegavam, no fim de um dia ou de uma noite, com o sorriso de "está na hora de irmos" e eu, no meio de um monte de brinquedos espalhados, defendia-me imediatamente com a clássica frase "mas eu ainda não brinquei nada". queria sempre mais e esperava sempre ter energia para viver todas as brincadeiras que fossem possíveis, com o máximo de amigos que fosse possível.
aos trinta anos tenho a mesma sensação.
a mesma vontade de aproveitar tudo até ao limite. de inventar sempre mais coisas para aproveitar. de ter os amigos por perto.
ontem, no primeiro dia de verão, o maior dia do ano, senti uma vontade enorme de que ele fosse ainda maior e as horas aumentassem e eu tivesse tempo de passar por todos os sítios onde queria ter passado e de não ter de dizer a mim própria "está na hora de irmos".
até quando vou ter a sensação de que, apesar de ter brincado bastante, "ainda não brinquei nada"?
(...) Quantos sonhos já destruí E deixei escapar das mãos E se o futuro assim permitir Não pretendo viver em vão Meu amor não estamos sós Tem um mundo a esperar por nós (...)
(de cristina para cristina com um almoço pelo meio)
... partilhadas há poucos dias numa sala de uma casa lisboeta já sem cassete ou uma espera imensa pelo top+. já sem os quinze anos. sem os amigos dos quinze anos. com amigos que não estiveram nos meus quinze anos mas era como se estivessem estado. ...sempre boas de revisitar.