o natal está a chegar

todos os anos gosto de ir ver as luzes de natal à baixa de lisboa. não é qualquer tipo de tradição de infância, mas é um gosto que tenho. as luzes podem tornar-se um elemento muito bonito numa cidade. há anos em que fico fascinada com algumas iluminações. pela maneira como complentam os edifícios, como se integram no espaço de praça, rua, avenida. como marcam o perfil das copas e dos troncos das àrvores. como dão brilho ao que sempre lá está.

este ano ouvi dizer que já tinham acendido as luzes e decidi, no fim do dia, dar a volta pelo outro lado e passar por lá. não tinha grandes expectativas porque nos últimos anos não me têm surpreendido muito... mas não estava à espera do terror que me esperava na praça do comércio e no rossio. não consigo descrever o que vi. um monte de elementos desconexos de várias instituições e um verdadeiro mamarracho no centro da praça que não se percebe se é a casa do duendes do pai natal ou uma loja de prendas.


tenho saudades da cidade bem iluminada. simples, mas bonita.
os grandes volumes não me encantam. e não me é importante saber quem os promoveu. até é despublicidade.

frriiiioo

um friozinho entra pelos ossos, enregela os pés, as mãos e começa a tentar propagar-se pelo corpo. a falta de luvas leva as mãos aos bolsos, as meias insuficientes levam os pés a abanar. mas o frio continua e o corpo não resiste a encolher-se. vem o autocarro salvar-nos de uma situaão que parece impossível de sustentar por mais tempo. e quanto tempo se aguentaria ali?

a cabeça cansada não deixa de pensar que o coração está leve.

o coração leve tenta dizer à cabeça cansada que valeu a pena o dia e merece agora o descanso.

ambos dizem ao sistema respiratório que funcione calmamente e repire fundo.

há dias V

há dias em que o mundo se organiza de uma outra maneira

e voltamos a acreditar que pode sempre ser melhor.

há dias IV

"Há dias em que me levanto com uma esperança demencial, momentos em que sinto que as possibilidades de uma vida mais humana estão ao alcance das nossas mãos. Hoje é um desses dias."

Ernesto Sabato, Resistir