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até há bem pouco tempo as amizades pareciam para sempre. aliás, muitas coisas no mundo e na vida pareciam eternas. o mundo era imutável e as pessoas e as vidas não iam desaparecer ou transformar-se. podia eternamente contar que estariam ali à mão ou ao pé.
é uma grande descoberta, esta. o momento em que começamos a saber que os amigos vão indo embora e nós mesmos vamos querendo mundos diferentes.
a mim custou-me muito saber que, afinal, as pessoas morrem mesmo e nos desaparecem do dia-a-dia e já não lhes podemos ver o rosto ou ouvir a voz quando temos saudades delas. também me custou saber que a distância pode criar novos rumos e deixar de nos dar a oportunidade de visitar aqueles confortos que tínhamos em circunstâncias muito específicas. a clara consciência de que os momentos são mesmo únicos e irrepetíveis.
e, no entanto, ficam ainda amizades eternas.
há umas quantas que preservo e cuido com muito carinho. que por muitas voltas que o mundo dê, quero continuar a ter junto a mim. há outras que hão-de aparecer. guardo espaço para elas.
acho bonita esta ideia... de estarmos sempre a receber pessoas. as que vêm com malas, as que estão de passagem, as que deixam marcas, as que nunca mais voltam...
enchemo-no de pessoas. é incrível!